quarta-feira, 21 de julho de 2010

As veredas da língua Roseana:Reflexões a partir do Workshop de ontem ministrado por Fran Novaes.

“Todos os meus livros são simples tentativas de rodear e devassar um pouquinho o mistério cósmico, esta coisa movente, impossível, perturbante, rebelde a qualquer lógica, que é a chamada “realidade”, que é a gente mesmo, o mundo, a vida. Antes o obscuro que o óbvio, que o frouxo. Toda lógica contém inevitável dose de mistificação. Toda mistificação contém boa dose de inevitável verdade, precisamos também do obscuro”.

J. Guimarães Rosa

Todos nós fomos unânimes em confessar a dificuldade em entender a escrita roseana no primeiro momento em que botamos os olhos em suas obras, e ao mesmo tempo também concordamos que junto dessa sensação de estranheza não há como não sentir uma espécie de fascínio, como se fosse uma atração pelo mistério de um mundo desconhecido, mas que pode revelar muito de nós mesmos.

Aos poucos, depois de ler e reler os mesmos trechos à busca de entendimento, a gente vai se entregando ao fascínio das palavras e suas atmosferas, a gente vai se habituando à linguagem Roseana e daí começa a descobrir que a Língua é um organismo vivo que pode transcender seus próprios limites e possibilidades e tranformar-se, como se fosse mesmo uma grande metáfora da própria vida: Tudo, aliás, é a ponta de um mistério, inclusive os fatos. Ou a ausência deles. Duvida? Quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo”.

Aí todos os neologismos roseanos passam a fazer sentido, porque são partes indissociáveis de sua maneira de sondar a vida e ao mesmo tempo recriá-la, esta coisa movente, impossível, perturbante, rebelde a qualquer lógica, que é a chamada “realidade”.

A partir dessa compreensão nos sentimos à beira de estar prontos para acolher os paradoxos, compreender o que é passível de compreensão e ao mesmo tempo intuir, sentir, compreender não compreendendo o que é puro mistério e está contido nesse princípio contraditório que envolve tudo o que é vivo!

3 comentários:

  1. Lindo Jó, adorei!
    Aonde estão os famigerados de Cordisburgo?!
    Aguardo as postagens!

    Beijos!

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  2. Joice Tavares, minha musa bacante!
    Você faz falta por aqui!
    Eu ando pressentido os mistérios nessa travessia.
    Amo vocês!

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